segunda-feira, 11 de junho de 2007

[Ética] O Doutor Morte, livre novamente

O defensor da eutanásia Jack Kevorkian, responsável por métodos polêmicos que lhe renderam o apelido "doutor morte", foi libertado da prisão nesta sexta-feira (1º), após cumprir pena de mais de oito anos por assassinato.



Foto: AFP





Jack Kevorkian, o "doutor morte", na saída da prisão Kevorkian havia sido condenado após a exibição na televisão nacional do suicídio gravado de um homem. Ele alega ter auxiliado ativamente 130 pessoas a morrer.



Vestindo seu tradicional cardigã azul claro e gravata sobre a camisa branca, Kevorkian, de cabelos brancos, saiu da prisão e sorriu para o pequeno grupo de repórteres que o aguardava. 

"É maravilhoso", disse ele sobre sua liberdade. "É um dos pontos altos da vida", acrescentou. Quando perguntado como se sentia, o ex-patologista de 79 anos, disse: "bem".



Seu advogado, que chegou a bordo de um carro branco com as janelas cobertas, protegeu Kevorkian da saraivada de perguntas dos jornalistas.



"Agradeço a todos por virem", disse Meyer Morganroth. "Agradeço aos milhares que o apoiaram e escreveram para ele. Ele só quer um pouco de privacidade nos próximos dias", emendou o advogado.



SUA HISTÓRIA



O residente Dr. Morte



Jack Kevorkian, o filho único de refugiados armênios, concluiu o segundo grau com dezessete anos de idade e então ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, onde se graduou em 1952, como médico patologista.



Ele ganhou o apelido Dr. Morte logo no início de sua carreira, ainda como médico residente, ao fotografar os olhos de pacientes mortos para experiências. Naquela época, defendia que os órgãos de pacientes mortos fossem retirados e utilizados em transplantes e, por conta disso, foi convidado a deixar a residência médica.



Em 1970, após publicar alguns trabalhos controvertidos, Kevorkian se tornou chefe da patologia do Hospital Geral de Saratoga, em Detroit. Ele permaneceu nesse cargo até o fim dos anos 70 quando abandonou sua carreira como patologista.



Suicídio assistido



Nos anos 80 Kevorkian passou a se dedicar aos suicídios assistidos para ajudar doentes terminais a pôr um fim às suas vidas. Sua crença era de que as pessoas tinham o direito de evitar uma morte sofrida e demorada e terminar suas vidas com a ajuda de um médico que lhe assegurasse uma morte tranqüila. Segundo um cronista, Kevorkian amava a eutanásia com o mesmo entusiasmo com que algumas pessoas amam o futebol.



Em 1988 ele construiu a máquina do suicídio que possibilitava aos pacientes a cometer suicídio apertando um botão que liberava uma série de drogas no organismo. Após as autoridades médicas de Michigan revogarem a licença médica de Kervokian em 1991, ele não pôde mais prescrever drogas e passou a usar monóxido de carbono em seus suicídios assistidos.



Em junho de 1980 prestou assistência ao suicídio de sua primeira paciente, Janet Adkins, de Portland, Oregon. Ela tinha 54 anos e sofria do Mal de Alzheimer. Alguns dias depois, um juiz de Michigan indiciou Kevorkian. Em dezembro de 1990 as denúncias de assassinato contra Kevorkian pela morte de Janet Adkins foram arquivadas, o que encorajou Kevorkian a ajudar mais de 130 pessoas a morrer.



Um dos casos deixou muitas dúvidas na opinião pública quanto aos critérios adotados pelo médico. Rebecca Lou Badger, 39 anos, era tida como portadora de esclerose múltipla. Morreu assistida por. Kevorkian. Feita a necrópsia, não foi constatada qualquer evidência da doença que teria sido utilizada como justificativa para terminar com a sua vida.





Ações judiciais




Legisladores e promotores tentaram criar obstáculos às ações de Kevorkian. Em 1993 o Poder Legislativo de Michigan baixou uma lei que tornava crime alguém fornecer conscientemente a outra pessoa os meios para cometer suicídio, com pena de quatro anos de prisão. A Suprema Corte de Michigan declarou em dezembro de 1994 que a lei era constitucional. Kevorkian enfrentou julgamento por quatro vezes por denúncias de suicídio assistido, sendo absolvido em três processos e tendo um julgamento anulado por falhas processuais.



No entanto, em março de 1999, Kevorkian enfrentou um julgamento por acusações de homicídio em vez de suicídio assistido. Thomas Youk estava morrendo de uma doença que não permitia a ele próprio administrar as drogas, o que teve que ser feito por Kervokian. O médico documentou a morte de seu paciente em vídeo, que foi ao ar num dos programas de maior audiência da televisão americana, o 60 Minutes, no dia 22 de novembro de 1998. Kevorkian foi denunciado por homicídio qualificado três dias depois.



Neste julgamento, Kevorkian dispensou o advogado que o havia defendido nos casos anteriores e insistiu em se defender pessoalmente. Quando o juiz decidiu que a viúva e o irmão de Thomas Youk não podiam depor como testemunhas, Kevorkian ficou sem argumentos de defesa e foi condenado pelo júri por homicídio simples a 25 anos de prisão, mas com direito a liberdade condicional a partir de 2007, por causa de sua idade avançada. Kevorkian admitiu ter ajudado mais de 130 pessoas a se suicidar, mas insistiu em afirmar que não havia matado diretamente a ninguém.

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