[Especial para o Dia das Mães]
Você é estudante de medicina e já no 4o ano se apaixona pela obstetrícia e resolve seguir a carreira. Se passam então mais dois anos de faculdade e mais outros tantos de residência e especializações. Para quê? Um plano de saúde paga em média 60 reais num parto realizado intra-hospitalar.
E então você se depara com a notícia de que parteiras como Heloísa Lessa (foto) recebem de 4 mil por parto domiciliar realizado. Absurdo?
A própria parteira Heloísa Lessa refere que "essa mudança reflete a alteração do comportamento no país que é campeão no número de cesáreas (índice de 80% na rede privada e 40% no serviço público)". Nas últimas décadas, Heloísa realizou 142 partos caseiros, sendo que apenas 9 deles acabaram numa maternidade e cinco precisaram de cesariana.
E o número de gestantes interessadas só aumenta. São mulheres modernas e economicamente bem-favorecidas que têm mais autonomia para decidir sobre suas vidas e que acreditam que é possível tratar o parto, não como uma doença, mas com um fato da vida, possível e sem dor.
A parteira reitera que toma todos os cuidados necessários com a segurança e com as necessidades do bebê. Pois todos os bebês que Heloísa entregou mamaram desde o primeiro de vida. Para não correr riscos, a parteira trabalha com uma equipe de suporte, equipamento básico para emergências, e alerta o obstetra ou neonatologista além de selecionar um hospital em caso de necessidade.
Heloísa Lessa diz que resolver ser parteira ao ficar apavorada após assistir uma palestra sobre os mitos da cesárea e as intervenções desnecessárias em bebês nas maternidades.
Hoje Heloísa, que é irmã da diretora de teatro e daTV Globo, Bia Lessa, é referência no assunto e atualiza-se constantemente, sendo pioneira no Brasil em modalidades como o parto aquático.
Fonte: Jornal O Globo
